Tayne Gabriele, Psicóloga e Colaboradora Espírita.
Conhece-te a ti mesmo.
“Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e me perguntava se não faltara a algum dever […]. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que precisava de reforma em mim. Aquele que, todas as noites, se lembrar das ações que praticou durante o dia e se perguntar o bem ou o mal que fez, rogando a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, grande força pode adquirir para se aperfeiçoar. Questionai-vos, portanto, sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que censuraríeis se feita por outrem […]. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas. Faça o balanço de seu dia moral, como o comerciante faz o de suas perdas e seus lucros; e eu vos asseguro que a primeira operação será mais proveitosa do que a segunda. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida. Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las […]”
Santo Agostinho, L.E., Questão 919
O espiritismo em seu estudo filosófico da doutrina, no livro dos espíritos, terceira parte, questão 919, ensina sobre a importância da autoanálise para entendimento do próprio comportamento.
Vivemos na era digital e das redes sociais, um espaço que não exige a concretude do ser, que permite uma representação de ser quem não é. Cria-se uma imagem para atender as expectativas externas. Esse espaço de simulação do ser e do ter, faz com que a sociedade esteja sempre na expectativa da externalização dessa imagem. Há pouco espaço, ou nenhum, para a reflexão interna. Essa demanda ofertada no mundo virtual, pode nos afastar da percepção da realidade, criando um vazio interno.
A psicologia e o espiritismo nos convidam para a vida interior, no olhar dos conflitos internos, na mudança de comportamento e na busca da reforma interna.
O autoconhecimento nem sempre é fácil, é necessário humildade para, nesse caminho, nos depararmos com nossas fraquezas e nos encontrarmos com nossas dificuldades e dores. Não podemos mudar aquilo que não reconhecemos e não aceitamos em nós. Ao se ter clareza e consciência do que te faz ser e agir, poderá mudar. Para esse processo de autodescoberta, a psicologia através de uma relação dialógica, oferece meios de reflexão e questionamentos para o entendimento de nossas emoções, e como reagimos sobre elas.
Podemos nos dedicar, também, em uma autoanálise para desenvolver um olhar consciente sobre nós mesmos. Para isso, se questione e observe suas emoções, como se sente, o que pensa e como se comporta. Esse esforço íntimo contribuirá para o encontro do contato e significado interno.