Arthur de Morais, Graduado em Artes Visuais.
Adolpho Bezerra de Menezes Cavalcanti, conhecido como Bezerra de Menezes, era originário de uma antiga família de fazendeiros e criadores de gado, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará. Ele era filho de Antônio Bezerra de Menezes, tenente-coronel da Guarda Nacional, e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.
Nasceu em Riacho do Sangue, no Ceará, em 29 de agosto de 1831, descendente das primeiras famílias que vieram do Sul para povoar o Ceará. Iniciou seus estudos na escola pública em 1838 e, em 1842, foi para o Rio Grande do Norte. Sua família teve de se transferir por motivos políticos, uma vez que eram liberais e estavam sendo perseguidos. Retornou ao Ceará em 1846, completando seus estudos em Fortaleza.
No final dos anos 1850, na Câmara Municipal do Município Neutro, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela atuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Em 1860, em uma reunião política, alguns amigos propuseram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.
Após a apuração dos votos, Bezerra foi eleito e reeleito para o período de 1864 a 1868. Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro Zacarias de Góis e dos chefes liberais — senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.
Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efetivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia atualmente ao de prefeito. Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro, de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Em sua atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras: buscou por meio de projeto de lei regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria o aviso prévio de 30 dias; denunciou os perigos da poluição, que já naquela época afetava a população do Rio de Janeiro, promovendo providências para combatê-la.
Bezerra de Menezes mudou-se para o Rio de Janeiro em 1851 e, a partir de novembro de 1852, entrou como interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, auxiliando o Dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, famoso cirurgião da época. Doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1852 e, após sua formatura, resolveu modificar seu nome, abandonando o sobrenome Cavalcanti. Foi eleito Membro Titular da Academia Nacional de Medicina em 1857.
Ao mesmo tempo em que entrava em contato com o Espiritismo, Bezerra de Menezes continuava seu trabalho como médico, destacando-se por sua postura humanista, atendendo pessoas sem condições de pagar o tratamento e até mesmo indigentes. Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de O Livro dos Espíritos (sem data, em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor.
A adesão pública ao Espiritismo surgiu em 1886, com sua filiação à Federação Espírita Brasileira, e com um famoso discurso proferido no dia 16 de agosto daquele ano, no salão da Guarda Velha. Alguns pesquisadores afirmam ainda que, com o pseudônimo de Max, ele começou a escrever para o jornal O Paiz em 1886; outros dizem que foi no ano seguinte. O mais importante, no entanto, é que os textos de Bezerra de Menezes são considerados entre os estudos filosóficos e doutrinários mais importantes do Espiritismo no país. Além disso, eles defendem a doutrina de uma série de ataques que começava a sofrer.
Bezerra de Menezes aderiu ao Espiritismo após entrar em contato com as “curas extraordinárias” obtidas pelo médium João Gonçalves do Nascimento em 1882. Após estudar as obras de Allan Kardec por alguns anos, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos de idade, justificou sua opção em abraçar o Espiritismo perante um grande público. Estima-se, conforme seus biógrafos, que entre mil e quinhentas e duas mil pessoas estavam presentes no salão de conferências da Guarda Velha, no Rio de Janeiro.
Em 1888, após passar por uma séria provação quando perdeu dois filhos, Bezerra de Menezes aceitou a presidência da Federação Espírita do Brasil. Ele oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal Brasileiro de 1890. Durante sua gestão, iniciou o estudo semanal de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, fundou a primeira livraria espírita no país e promoveu a vinculação da instituição ao Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.
Com sua postura nada ambiciosa e desapegada das coisas materiais, Bezerra de Menezes conquistou a admiração de muitas pessoas. No entanto, também enfrentou problemas, sendo reduzido à pobreza em 1892.
Em meio a grandes dificuldades financeiras, um acidente vascular cerebral o acometeu. Ele veio a falecer na manhã de 11 de abril de 1900, depois de meses acamado. Não faltaram aqueles, pobres e ricos, que socorreram a família, liderados pelo Senador Quintino Bocaiúva.
Bezerra de Menezes uma lição de amor e devotamento ao próximo para todos nós encarnados.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bezerra_de_Menezes
https://www.camara.leg.br/deputados/909/biografia
https://www.familiascearenses.com.br/index.php/2-uncategorised/54-adolfo-bezerra-de-menezes-cavalcante-pontifices-do-espiritismo-brasileiro
Que o doutor Bezerra de Menezes cuide de nosso amigos que estão passando pelas provas da doença