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Sob a Guarda de Deus – Uma história de Fé e Proteção

Em Histórias Reais
fevereiro 13, 2024

Naquele tempo, minha residência ficava situada em um conjunto habitacional em Veleiros, um bairro periférico na região sul de São Paulo. Dois majestosos edifícios, erguidos em um terreno elevado, dominam a paisagem local com seus vinte e dois andares cada. De longe podem ser avistados, imponentes e imutáveis.
O conjunto abriga 176 modestos apartamentos, mas sua estrutura social é relativamente bem equipada, proporcionando segurança e conforto aos moradores. Mesmo durante as noites, a área comum pulsa com muita atividade, com crianças brincando despreocupadas enquanto suas mães trocam animadas conversas. A área é bem iluminada e o ambiente é acolhedor e reconfortante.
Apesar do charme singelo de Veleiros, com suas ruas planas e largas e casas bonitas e espaçosas, a rua onde se localiza meu antigo condomínio contrasta em seu aspecto geral. Trata-se, na verdade, de uma extensa rua de ligação entre duas importantes avenidas da região que são muito movimentadas.
A rua, é disposta em um formato sinuoso de “S” e é uma via desolada e escura, que serpenteia como uma cobra entre galpões industriais e poucas residências. Ela transmite uma aura de perigo e medo ao cair da noite.
Do ponto de parada de ônibus em que eu descia habitualmente, até o portão do condomínio, eu percorria em torno de 150 metros para chegar exatamente no meio do “S” onde ficava a entrada do conjunto, fazendo com que o portão só fosse visto quando estivesse chegando próximo a ele.
Numa certa noite, voltando do trabalho para casa, desci do ônibus no ponto de parada habitual e comecei minha caminhada para casa. Vinha andando na calçada que margeava um longo muro de uma fábrica e, quando venci a primeira curva da rua, eu me deparei com uma daquelas cenas que não queremos vivenciar.
À aproximadamente uns vinte metros de onde eu parei, estavam três homens armados assaltando um adolescente indefeso. Subjugado junto ao muro, eles o agrediam com alguns sopapos, certamente, para o intimidar e não resistir ao assalto.
Ali parado, tomado pela situação em si, a minha primeira reação foi a de tentar voltar para trás, correr quem sabe. Naquele átimo de segundo, em que o tempo parece parar, o coração disparou em batimentos acelerados e, se eu pudesse ver meu rosto, com certeza o veria numa expressão de palidez.
O movimento instintivo foi de me voltar para trás, contudo, no mesmo momento, eu escutei com toda a clareza que se pode ouvir, uma voz que me disse:
— Não volte, siga em frente!
Era Padre Antenor, espírito benfeitor, que de há muito tempo me acompanha e protege nas lidas da orientação espiritual que tenho a possibilidade de realizar na Casa Espírita em que Trabalho.
Ainda assim, mesmo sendo àquela voz tão conhecida por mim, eu ainda relutei. Foi quando ele em tom mais firme, disse:
— Confia, meu irmão, siga em frente!
Tomado pela confiança na voz firme daquele amigo, que jamais havia se enganado em seus conselhos para mim, eu segui. Claro que o coração, apesar da confiança, acelerou ainda mais, contudo, segui firme.
Quando voltei a caminhar, na mesma medida em que eu avançava adiante, um dos ladrões, com sua arma na mão veio em minha direção. Quando então, definitivamente me aproximei dele, o assaltante, com um leve sorriso nos lábios e olhando em meus olhos, me disse:
— Você, “tio”, siga em paz, e que Deus lhe abençoe.
Atônito diante da atitude dele, simplesmente agradeci e continuei caminhando. Assim que ultrapassei o assaltante que veio em minha direção, os outros dois, imediatamente soltaram o garoto, que, aliviado, correu em direção a sua casa. Segui até meu antigo condomínio e, não avistei mais os criminosos.
Essa experiência, tão singular, é uma da história real que vivi e quis compartilhar com vocês, pois para mim ela tem um fundamento muito importante. Ela ecoa em minha memória como um testemunho de fé e de confiança na proteção divina. É a confiança que devemos ter em Deus e em seus Mensageiros, esses espíritos benfazejos que zelam por nossos caminhos na terra.
Confesso que levei algum tempo para entender por que fui instruído a seguir a andar a frente sem hesitar naquela noite de perigo eminente. Mas agora, vejo claramente a importância do propósito por trás da intervenção do Padre Antenor.
Não apenas fui protegido naquela noite, mas minha ação, guiada pela fé, trouxe alívio e esperança a um jovem assustado. E enquanto as lembranças desse encontro singular desvanecem com o tempo, permanece a certeza de que nossos caminhos são iluminados por forças que estão além do mundo terreno.

Roberto Marco

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Revisor Linguístico, Palestrante e Instrutor Espírita.